domingo, novembro 20, 2011 

O regresso dos Porcos

Uma cena passada passada na Universidade da Califórnia, Davis, nos Estados Unidos está a caminho de se tornar no case study perfeito da mentira policial clássica.
Um polícia despeja a curta distância e com toda a calma do mundo, como se estivessse a pulverizar a horta, uma botija de gás pimenta sobre um grupo de estudantes sentados em protesto pacífico.
É preciso ver para acreditar.
A dignissima senhora Annette Spicuzza, chefe da polícia, explicou cândidamente aos jornalistas que a decisão de usar o gás foi improvisada:
"The students had encircled the officers, they needed to exit. They were looking to leave but were unable to get out."
A cena clássica, repetida em milhares de situações idênticas ...os polícias agiram "em legítima defesa", "só dispararam para o ar...", quase se houvem as vozes do costume... "não havia alternativas"...
Veja-se o vídeo embebido na notícia e confronte-se a cena com as declarações da porta-voz policial.

sábado, novembro 19, 2011 

Qual é a crise?

O arguto Xatoo, autor do blog com o mesmo nome, que é indiscutivelmente uma das guardas avançadas do proletariado blogosfério e intransigente espigão binário cravado no flácido dorso electrónico da burguesia, concluiu que o que se está a passar é o fim das “vacas gordas” para “ a imensa nova-rica burguesia que tem vivido a expensas dos subsidios da União com resultados sociais Zero.
A frase é ligeiramente ambígua e não deixa perceber se “imensa nova-rica burguesia”, se refere a um número imenso de burgueses que de repente ficaram ricos (ou outros pacóvios que se aburguesaram renegando as suas saudáveis origens de classe operário-camponesas), ou se foram apenas alguns burgueses que já o eram mas que ficaram imensamente ricos à custa dos subsídios.
O essencial, no entanto, é que para o Xatoo, os “resultados sociais” (o que quer que isto seja), foram Zero com letra grande. Isto é, nas últimas décadas, o povo, (os que se mantiveram povo, não os que deixaram de o ser e hipoteticamente se aburguesaram), ficou exactamente na mesma, regredindo, até, com a inflação.
Zero. Népia. Falar em Portugal em 2008 (antes de Passos e a Troika), em termos sociais, é, para o Xatoo, o mesmo que falar em Portugal em 1980. Se não antes...
Não sei qual é o referencial usado pelo Xatoo para avaliação de resultados sociais, mas talvez seja possível intuí-los a partir da opinião abalizada do proletário Bernardino Soares.
Soares, que recentemente afirmou que o actual Ministro da Economia é uma “sequela”, política, por supuesto, do ex-Ministro Manuel Pinho (que Bernardino classifica como o “anterior Ministro”, certamente um lapsus politicus revelador das cicatrizes pessoais provocadas por um desleal gesto de dedo em riste apontado, em dia particularmente difícil, ao seu peito em pleno Parlamento), assim considerando que no essencial , apesar de algum alarido "indignado", “nada mudou” nos últimos meses, colocou em tempos em causa que a Coreia do Norte não fosse uma democracia.
Um Portugal em que à custa “de subsídios” se criaram burgueses novos-ricos com resultados sociais Zero, teria assim muito a aprender com os avanços sociais do “modelo” norte coreano e os ensinamentos do incontornável Pensamento Zuche, a saber: não se criam novos-ricos (sobretudo burgueses!), mas aumentam os misteriosos "ganhos sociais" em flecha!
O bizarro disto tudo, é que tirando o episódio da Coreia do Norte, que umas correntes políticas substituiriam de bom grado por um outro país avançado onde não há segurança social, décimo terceiro mês, subsídio de férias ou férias pagas, como os Estados Unidos, a tese de Xatoo pode ser facilmente subscrita pela extrema esquerda, os saudosos do anterior regime e os apóstolos da Ordem Nova neste momento na crista da onda.
Com efeito, todos coincidem no reconhecimento da tragédia de resultados sociais Zero que foi o “regime” instituído pós 25 de Abril (Xatoo e Bernardino aproveitarão, sei lá, os meses que medearam entre 11 de Março de e 25 de Novembro de 1975). Desde Novembro de 75, segundo o Xatoo, o progresso foi Zero e quem beneficiou foi uma “imensidão de burgueses novos – ricos” cuja “mama” está a acabar. O tom do “amigo do povo” trai mesmo uma secreta satisfação por finalmente alguém esmagar os tomates aos “novos-ricos”. Os outros, “o povo”, nada têm a temer e a perder. É-lhes indiferente o impacto das medidas da troika e nada disto justifica particulares apreensões.
Compreende-se assim o papel desempenhado pela chamada "extrema-esquerda" no derrube de um Governo social democrata, de centro esquerda, quando a sua óbvia alternativa seria (como foi) um Governo de direita. 
Para quê, então, a amargura relativamente à Troika? Por puro nacionalismo chauvinista, bonita posição de princípio face ao Imperialismo, incontinente necessidade de "criticar".
Os extremos - e a insanidade - tocam-se. Mesmo.

quarta-feira, novembro 02, 2011 

Roleta Grega

O mundo todo, de novo apreensivo com os gregos.
Apenas porque o Primeiro Ministro Papandreu decidiu consultar a população antes de pôr em prática medidas que os "ajudadores" da Grécia acham "naturais", embora "difíceis", mas que serão catastróficas para a vida das pessoas.
Não sei se esta necessidade tem algo a ver com a inesperada substituição das chefias militares de todos os ramos das forças armadas gregas...
O Banco Mundial diz que o referendo é "jogar aos dados"... pois, os eméritos patriarcas do "risco" gostam de jogar pelo seguro.
O Referendo é quase uma forma indirecta de recusar a ajuda e chutar a bola de novo para o campo europeu, o que mostra que os gregos querem continuar a ir a jogo no poker em que se tornou a crise da dívida.
Se o referendo recusar as medidas, corremos o risco de se desencadear uma crise catastrófica, europeia e mundial. Ou talvez não, talvez os dirigentes europeus e mundiais percebam que se atingiram certos limites, e se disponham a tomar medidas concretas para estancar a crise sem ser à custa das populações de países mais frágeis. Isto é, se isso for ainda possível...
Se as aceitarem, pobres de nós, também, porque o nosso governo terá as mãos livres para fazer as "correcções" que achar necessárias, das quais apenas vimos, até agora, a parte visível do "iceberg". E a crise agravar-se-á na mesma.

terça-feira, novembro 01, 2011 

Sheik Mate

Kadhaffi encontrou o seu fim de uma forma degradante, abatido na rua.
Por um lado não pode deixar de se admirar a sua coragem e pertinácia. Por outro lado não pode deixar de se lamentar que esse encarniçamento tenha contribuido para a generalização e agudização da guerra civil.
Assassinado à queima roupa. Chocante.
Chocantes, também, as despudoradas congratulações de alguns dirigentes políticos ocidentais, não já pela queda, mas pela a morte de um homem que ainda há poucos meses abraçavam e recebiam nos seus países como líder respeitado e respeitável, apesar do seu estilo "colorido".
Degradantes as manifestações de euforia manifestadas nalguns media ocidentais, a que assistimos.
Parte desta euforia explica-se pelo alívio. Aparentemente chegou ao fim a responsabilidade de envolvimento  da Nato e alguns países europeus e os Estados Unidos, numa situação que se arrastava e ameaçava degenerar.
Nos States, a intervenção avalizada por Obama era pretexto para mais ataques dos neoconservadores. Nada de admirar, porque os neoconservadores não precisam de pretextos para atacar Obama (atacá-lo-iam, ainda mais ferozmente, se ele tivesse recusado intervir), mas não deixava de ser mais um espinho na vida difícil do actual Presidente.
Como é hábito, critica-se nos outros aquilo que nós fazemos. Os neoconservadores, que há quase uma década envolveram à força o mundo em duas guerras de onde parece ser impossível sair, criticam o Obama por ter avalizado uma intervenção claramente a prazo, pedida pela Liga Árabe, aprovada na ONU, decidida sem grande preparação específica, resolvida (com atraso em relação ao planeado) em seis meses, comprovando, de caminho, a teoria Rumsfeld: sem grandes alaridos internacionais, sem tropas (oficialmente, pelo menos) no terreno, apenas meios aéreos de combate e navais de apoio, "shock & awe" durante um período limitado e ops! ditador para a valeta.
O que acontecer a seguir "não lhe assiste". Não há pretensões de "nation building" para além do objectivo pragmático de repôr e manter infra-estruturas críticas a funcionar, nomeadamente as exportações de combustíveis fósseis. Com o tempo, cobrar aos líbios a ajuda...
Ninguém sabe o que virá a seguir.
Discute-se se o prolongamento da guerra mais do que o esperado, a proliferação de armas e a tradicional combatividade dos jihadistas líbios em diversas frentes de combate em todo o mundo, não provocaram a degenerescência da revolta contra um ditador em estado de guerra civil larvar. Mas a Líbia não é o Iraque nem o Afeganistão, pelo que não resta outra alternativa se não esperar.
Os opositores da guerra não estiveram muito melhor. 
O princípio da não intervenção nos assuntos internos de outros países é uma doutrina respeitável mas perde valor quando se torna capa de uma simpatia espúria por um ditador e manifestação de desconfiança em relação ao que virá, o que, claramente, viola o princípio. Foi algo deprimente assistir à indignação quase desesperada de alguns quando se tornou patente que Kadhaffi estava no fim da linha. Já não era uma revolta contra a queda de uma nação independente. Era luto carregado pelo Coronel.
É bom defender esse princípio, mas, para isso, colocamo-nos, em certos aspectos, ao nível da "real politik" cujas manifestações merecem frequentemente repulsa. Os tanques andam na rua a assassinar pessoas que se manifestam e nós, espectadores, "lamentamos", "indignamo-nos", lavamos a nossa boa consciência, mas não há nada a fazer, e no fundo, queremos que não aconteça nada.
Nesses casos, então, o melhor é mudar de canal. Para a "Casa dos Segredos".

 

Interpolinimigo

Há um mandato de captura da Interpol contra o simpático Duarte Lima, dizem os meios de comunicação...
Mas afinal o que é que a Interpol tem com isso, se a morta era uma cidadã portuguesa e a justiça portuguesa, aparentemente não tem qualquer interesse no caso?

segunda-feira, outubro 31, 2011 

Inimigo Público (2)

Duarte Lima é um homem com valor. O seu percurso, de jovem miserável do interior do Nordeste Transmontano, à proeminência que adquiriu no PSD e na vida política nacional em cerca de uma década, é digno da maior admiração e faz corar de inveja os seus colegas de profissão e da política que partiram, na sua esmagadora maioria, de situações infinitamente mais favoráveis.
Duarte Lima é desde há muitos anos suspeito de envolvimento em negócios pouco claros, foi investigado, mas nunca foi condenado.
Agora foi formalmente acusado pelo Ministério Público brasileiro, de assassinato de uma cliente.
Apesar de não ter existido condenação formal, a opinião pública portuguesa foi quase unânime na aceitação passiva da sua culpabilidade. Por paradoxal que pareça à primeira vista, a acusação de assassinato feita a um ex-deputado, figura importante do partido do governo e advogado destacado, não provocou particular emotividade no País, nem sequer um sobressalto patriótico por um dos "nossos" ser assim acusado pela justiça de outro País.
A explicação para isto, a meu ver está no seguinte:
1- Toda a gente já percebeu que Duarte Lima é intocável. Os brasileiros não podem vir cá buscá-lo e a Justiça portuguesa não mexerá uma palha (e se mexesse seria para rapidamente se perder num labirinto de contradições até o caso se extinguir, ou, na remota pior da hipóteses para Lima, no percurso maçador dos degraus dos recursos até chegar, daqui a cinquenta anos, e se ainda necessário, depois do inevitável recurso para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, à absolvição final). Não há, portanto, circo a montar à volta desta história.
2- O crime foi um mero assassinato de uma velhota que se queria abotoar à fortuna de um ricaço. Não envolveu, que se saiba, dinheiro "nosso", dinheiro "do povo", e portanto é pouco passível de se verem as manchetes emocionais do Correio da Manhã ou do Público mantendo o caso em fogo brando. O Crime, quando muito, continuará a vasculhar o caso para gáudio da sua plateia de outsiders e tudo ficará por aqui.
3- O esclarecimento do crime tem nulo interesse político para os órgãos de comunicação, totalmente dominados pela maioria no Poder, e é pouco relevante para a Oposição, a braços com mais do que fazer do que se preocupar com as rábulas de um antigo deputado, ainda que feroz cavaquista.

Em resumo: prendam o Sócrates, para ver se há descanso no País.

 

Inimigo Público

Bizarro... a luzinha amarela da possibilidade de o PS abandonar a sua atitude de plácida colaboração com os actuais "esforços" do Governo, acende na sede do PSD, e logo uma correia de transmissão, algures, estremece, fica tensa, revolve-se e em breve uma sirene apita num qualquer órgão de comunicação...
São José Almeida escreve e é tida como um personagem de esquerda... e no entanto... foi dela o artigo que desencadeou o caso d'"as escutas"... e agora esta pequena pérola intriguista sobre os bastidores do PS.
Sócrates andará a fazer telefonemas para membros do grupo parlamentar para que votem contra o miraculoso Orçamento de 2012.
Atenção que ela não diz que o Sócrates falou com alguém do "grupo de pressão" que é nomeado no artigo, para que o PS vote contra o Orçamento. Ela "limitou-se" a mencionar os elementos do grupo que fariam parte da "estratégia", não disse que Sócrates lhes telefonou.
Mas sabe ("o Público sabe"...) que ele telefonou a alguém...
Assim, o Sócrates é preso por estar em Paris (a indignada Maria Filomena Mónica não quer vê-lo em restaurantes mais parisientemente requintados do que o Kentucky Fried Chicken de Rosny-sous-Bois...), preso por telefonar de Paris (a expiação exigirá, porventura, que comunique por sinais de fumo...), preso por hipoteticamente ter uma opinião, ainda que esta seja óbvia para muita gente que não conhece o Sócrates de lado nenhum...
Prendam o Sócrates de vez para ver se o País descansa...




segunda-feira, setembro 26, 2011 

OMO

O i publica hoje uma capa que descaradamente se insere na campanha branqueadora (ou de deslinchamento) do Dr. Jardim.
O título Carlos Moreno: "O buraco na Madeira é normal em todo o Estado", sugere que o antigo Juiz do Tribunal de Contas relativiza o buraco madeirense. Considera-o "normal".
Esta opinião tem particular relevo porque Carlos Moreno, com a autoridade e conhecimento de ter acompanhado esses projectos como Juiz do Tribunal de Contas, publicou ainda há pouco tempo o utilíssimo livro "Como o Estado Gasta o Nosso Dinheiro", em que explica como foram geridos de forma ruinosa diversos grandes projectos públicos das duas últimas décadas e o contributo que isso teve na situação actual.
E não o escreveu, certamente por achar esses casos "normais".
E esse livro, que curiosamente não analisa projectos desenvolvidos na Madeira, foi importante na consciencialização do grande público de algumas "anormalidades" graves na gestão desses projectos. 
E isso teve repercussões nas opções eleitorais dos portugueses.
A dívida pública portuguesa, pode ter explicações mais ou menos convincentes, ser alvo de críticas mais ou menos consistentes ou contundentes, mas não é, e não tem assim sido tratada  pelos meios de comunicação e em particular, o "i", "normal".
E alguém, e muito particularmente Carlos Moreno, classificar como "normal" em letras garrafais de primeira página, um grande buraco a nível relativo e um extraordinário buraco que diz respeito a uma região com uma área irrisória, cavado pela gestão absoluta  ao longo de mais de três décadas, do grupo liderado por Jardim, só pode ser uma afirmação muito descontextualizada, ou uma relativização que não é inocente e que nunca deveria ser feita por alguém com sincera preocupação com a gravidade do problema da dívida pública.

sábado, setembro 24, 2011 

Podium

Para a acabar com a leitura do Expresso de hoje: o João Garcia coloca o Passos Coelho no Alto dos seus Altos e Baixos...
Parece que Passos (pelo menos foi o que o João viu...), assumiu a ... ruptura (palavra fetiche, esta) com o Jardim.
Ok.

 

Sageza

No Expresso, ainda (aquilo hoje é um manancial de pérolas), o embaixador Cutileiro adverte contra o perigo de se brutalizar a social-democracia europeia.
Não é por nada, mas é que pode "dar ideias" ao pessoal...
Fora isso...

 

Trends

O nuclear continua de vento em popa.
Vão-se clarificando as tendências da indústria desenhadas após o desastre em curso em Fukushima.
A Siemens anunciou recentemente a sua retirada total da energia nuclear, mas a Indonésia quer fazer centrais, o que é tranquilizador dadas as características tectónicas da sua localização.
E se a Siemens sai, outra entra, com os mesmos pergaminhos tecnológicos, talvez o Kentucky Fried Chicken ou outra firma especializada, right?

 

Manobras de Outono

Corre já aí, possivelmente lançada por gente hábil em manobras de propaganda mas imediatamente engolida pelos espertos "que a topam toda", gente que "vê mais fundo e mais largo", habituais compradores do non sense do "são todos iguais", a ideia de que a culpa da situação da Madeira, não é só do Jardim, é de todos os governantes portugueses dos últimos trinta anos.
É a dica de que ele necessita para se escapar entre os pingos da chuva que é como quem diz, a sombra da multidão de responsáveis governamentais e perpetuar a sua impunidade.
Continuem. Arranjem-lhe cobertura no momento em que ele se encontra mais ou menos isolado.

 

Circunstâncias atenuantes

É com alívio que constato, ao ler o Expresso, que até o atento Mário Crespo nos traz palavras contemporizadoras para com Jardim.
Garante-nos o informado jornalista, antiga vítima das cruéis perseguições que a Inquisição socratista  moveu à liberdade de imprensa enquanto na Madeira florescia um regime de "amplas liberdades" que ainda ali perdura, que Jardim terá tido os seus descuidos, mas... fora isso, fez Obra.
Fez Obra...
Crespo é um jornalista perspicaz, mas aqui não dá nenhuma novidade porque a "Obra" de Jardim é mais ou menos o argumento conciliatório de quem sempre tolerou, por cumplicidade efectiva ou cobardia pura e simples, o truculento Kadhaffi da Macaronésia. Como outros o fazem, por exemplo, em relação ao regime angolano...
Aliás, quando acima refiro a cobardia, talvez antes devesse escrever, no caso de alguns dos governantes da República, "responsabilidade política" e "sentido de Estado". É que quem tiver estado minimamente atento à história de Portugal nos últimos 30 anos, sabe perfeitamente que a única forma, digamos "correcta", de lidar com o problema madeirense, seria com o envio de uma força policial. Acto vertical, sim, mas que poderia ter tido como consequência o desencadear de uma guerra civil.
Ao evitar a solução mais coerente, mas também mais arriscada, todos os governantes do país, incluindo aqueles de partidos cujos militantes são desde há décadas enxovalhados na Pérola, são agora encaixotados pelos Crespos e outros observadores imparciais e impolutos, para já não falar nos hipócritas apaniguados continentais do Coronel, na lista dos cúmplices, quiçá tão, ou mais, (de preferência, mais, é claro) culpados.
É que quem critica o seu despesismo, indigna-se Crespo, esquece que quando ele chegou ao Governo da Madeira, os madeirenses viviam em troglodíticas grutas, viviam escravizados, e tal.... como ainda vivem, depreendo eu, por exclusão de partes, os continentais, embora, conceda-se, com auto-estradas a mais... já que o despesismo continental, embora integrando o da Madeira, é imperdoável ...
Crespo esclarece, para quem tenha dúvidas, a real dimensão dos problemas:
Como é que quem aceitou a alteração da delimitação de uma Zona de Protecção Especial que tanto perturbou momentâneamente (diz ele...) uma série de pacatos flamingos na zona de Alcochete (uma ave e uma região pelas quais Crespo parece nutrir particular afeição), pode atrever-se agora a criticar um pequeno desvio de, sei lá, 1,5 ou 5,8 mil milhões de euros, mais coisa menos coisa, ou coisa do género?
Bah!
Quem tem a culpa disto, meus amigos, é o...
Passemos adiante.
Quem tem a culpa disto é o...
Então não foi lá enterrar uma brutalidade de dinheiro aquando das cheias da Madeira, cavando as profundezas do nosso déficite? Desgraçando o País?
Pois...
Para a maioria parlamentar de hoje, e para a opinião dominante nos jornais, o despesismo da Madeira é tolerável, enquanto exclusivamente insular. Quando os seus valores se incorporam no bolo do déficite total português, trasmutam-se num gigantesco "buraco" do qual o principal, o único responsável, já nem vale a pena nomeá-lo, toda a gente sabe quem é...

 

Busto de Napoleão

Nunca é bonito ver alguém ser crucificado, e é sempre agradável ver alguém sair galhardamente em sua defesa.
Assim fez o pundonoroso Morais Sarmento no Expresso de hoje, ao alertar para a injustiça (a injustiça e até o perigo, a imoralidade) de se lynchar ... Alberto João Jardim.
Sarmento considera e bem, que o PSD deveria assumir as suas responsabilidades no problema madeirense, embora sabiamente se abstenha de referir as formas de que se deveria revestir essa assunção de responsabilidades.... (para quê linchar o PSD?).
Para Morais Sarmento, no entanto, Jardim mereceria, quando muito, a "pena suspensa", neste caso.
Parafraseando Cesariny, quem mereceria mesmo a Pena Capital (e aqui duvido que ele esteja a usar uma liberdade poética...), seria outro...
Quem?
Mas será assim tão difícil adivinhar?
Quem tem a culpa de todos os problemas do País, e por consequência, da dívida da Madeira, quem merece a Pena Capital - eventualmente por linchamento?
É o... Sócrates, pois claro. Para esse, que não haja contemplações, linchem-no e tudo ficará mais tranquilo.

sábado, setembro 17, 2011 

Para onde?

Custa entender como é que alguns dos que acham que o modelo de desenvolvimento que tem dominado a nossa civilização está "todo errado" porque fundamentado na lógica de contínuo, obcecado e sôfrego crescimento alimentado pela exploração "desenfreada" dos recursos naturais e humanos do planeta, se preocupem com as políticas de contenção orçamental em curso impostas pelos grandes especuladores e pelos governos e instituições ao seu serviço, porque não promovem "crescimento".
A mim, isto parece-me uma boa oportunidade para uma pausa e uma reavaliação dos nossos próprios padrões consumistas de consumo, que poderá ou poderia contribuir para generalizar um comportamento colectivo mais responsável e sustentável. Não?
Não sei.
Não foi a explosão individualista dos anos sessenta/setenta, uma reacção contra a frugalidade dos nossos pais ainda fortemente marcados pela experiência traumática, ainda que em Portugal indirecta, da escassez vivida durante a segunda guerra mundial?

 

Madeira exótica

Honra lhe seja feita, o mítico Kadhaffi atlântico acaba de baralhar os ingredientes com que se enrola o menu relambido das análises políticas.
O monumental descontrolo orçamental num bantustão que possui sem qualquer espécie de restrição de origem local ou nacional, há quase quatro décadas quatro, destrói o ridículo e demagógico aprumo de bom aluno "fiscalmente responsável" ao partido do Governo e embaraça alguns dos que do Continente, perdoando-lhe com bonomia alguma truculência mais colorida e não tendo de o aturar directamente, o idolatram como ícone do anti-"politicamente correcto" e sólido bastião anti-socialista.
Mas ao ignorar os apelos de contenção orçamental e garantir a defesa dos postos de trabalho dos funcionários públicos madeirenses mandando às malvas a sinistra "solidariedade nos sacrifícios", defendendo o que nuns locais seria classificado como a sua "clientela", e noutros, os "direitos dos trabalhadores", encurrala os seus adversários na barricada da mesma "responsabilidade fiscal" que, no Continente, acham uma catástrofe imposta pelo neo-liberalismo, que "impede o crescimento" e arruina o País.

quinta-feira, setembro 15, 2011 

une arrière-salle de salon de thé

Mais um artigo do Nouvel Observateur sobre a situação em Fukushima.
Trata-se de uma entrevista a um técnico da central e revela uma realidade muito menos tranquilizadora do que sugerem os porta vozes da "normalização".
Os cuidados com a marcação da entrevista são os de uma reunião clandestina sob uma ditadura. O funcionário da central receia represálias, incluindo o despedimento, se a empresa souber que presta declarações à imprensa.
Mais do que a constatação da catástrofe e das suas consequências, impressiona o poder de intimidação e capacidade de bloqueio de informação do operador da central, certamente com a anuência (ou perante a impotência) das autoridades.
As consequências de uma utopia (um "futuro" nuclear) que espero nunca chegue cá.

quarta-feira, setembro 14, 2011 

Dizer que a situação é confusa e instável na Líbia é uma lapalissada irrelevante.
A recente afirmação do lider dos rebeldes, de que a futura constituição se baseará na Sharia, para além do  sentimento de cumprimento de self fulfilling prophecy que  criou nos detractores da revolta, é preocupante.
O que será, na prática, uma lei do país "baseada" na sharia? 
Terão os líbios uma polícia dos costumes nas ruas, e será adiada, ou mesmo combatida a emancipação da mulher, tal como no caso do Irão?
O que terão as mulheres líbias e os líbios em geral, a dizer disto?
Será, ou não, normal ou aceitável que num país de religião maioritariamente islâmica, a lei islâmica seja um fio condutor apesar das inequívocas tendências laicizantes que se têm apresentado na primeira linha das recentes revoltas árabes e serão a inevitável evolução futura?
Muita coisa em aberto.
Na Aljazeera, um artigo cautelosamente optimista de Larbi Sadiki que faz um enquadramento da evolução institucional do País.

domingo, setembro 11, 2011 

Esturro

A minha questão sobre esta história do ataque à embaixada israelita no Egipto, é esta, e não é só de agora:
Porque é que quando um governo israelita está em dificuldades internas e externas para vender a sua intransigência, surge sempre, vinda do nada e totalmente fora de contexto, uma provocação qualquer que repõe em poucos instantes o confortável cenário "resistente" em que a clique militar/religiosa no poder pretende perpetuar-se?

 

Comentários 2

Resposta ao comentário de João Paulo Fonseca no Facebook, ao post em que linkei um post do Vias de Facto.
João Paulo Fonseca
Um sofisma, ou uma invulgar incapacidade cognitiva do tal João Bernardo.
Justificar a classificação de fascista ao regime de Nasser, porque tentou recuperar valores da cultura arabe, revela um desconhecimento excessivo para que não ponderemos estar perante uma tentativa de manipulação.
A comparação com as intervenções militares no Cambodja (muito criticada pelas potencias ocidentais), ou da União Soviética em Espanha é estapafúrdia.
No primeiro caso porque se tratava de travar um genocídio.
No segundo caso pq se tratava do apoio a um governo legitimamente eleito.
Muito para além da verborreia, intervenção militar na Líbia levanta quatro questões essenciais:
1. Uma intervenção militar estrangeira num país soberano é justificável apenas porque esse país não é democrático? De outro modo: não considero Portugal, a Espanha ou os EUA como democracias. Isso deveria levar-me a apelar a uma intervenção militar estrangeira ?
2. Uma qualquer intervenção política, incluido uma intervenção militar, não deverá ser ponderada de acordo com as vantagens ou desvantagens para a população? Na Líbia, essas vantagens justificarão os 50.000 mortos?
3. Que tipo de governo, se prevê, substituirá Kadaffi? As potencias ocidentais não estarão a abrir o caminho para um regime islamita, humilhante e repressor para a maior parte da população?
4. Pq razão as intervenções da Nato, no médio-oriente se restringem a países não dominados pelos EUA, com petróleo?

Se tiver possibilidade indique-me "Aqueles que, na esquerda, usam o pretexto da intervenção da Nato para defenderem o regime de Kadafi ", como diz João Bernardo. Porque este foi um acontecimento que me escapou. Abraço.

João Paulo, o João Bernardo, para além de ser um activista de esquerda no activo, é historiador, e neste texto, escrito para um blog, apresenta sinteticamente um argumento que não me parece que possa ser resumido pela sua leitura simplista de que acusa o Nasser de fascismo por introduzir hipotéticos "valores da cultura árabe", o que quer que isso seja.
Quanto ao facto de a intervenção no Camboja ter sido muito criticada no ocidente, refere-se a quem?
Aos que diziam que as primeiras reportagens da Newsweek e outros órgãos de comunicação "burgueses" sobre o que se passava no Camboja eram "manobras da CIA" para descredibilizar um país e um governo verdadeiramente populares que tinham acabado de infligir aos americanos uma das suas mais humilhantes derrotas ou aos que diziam que a invasão era apenas o resultado do "hegemonismo social-fascista" soviético e que um filme como "Killing Fields" era um reles filme de propaganda?
Melhor ainda, o que lhe permite dizer que no Camboja houve "genocídio"?
Você esteve lá? Presenciou? Foram os vietnamitas que disseram? E se foram os vietnamitas que o disseram, explicaram-lhe que para além dessa intervenção militar que você implicitamente admite como "humanitária" havia também a sua necessidade de afirmar o seu papel como potência regional? Foram os americanos com dor de cotovelo por terem sido corridos a tiro? Foi a imprensa dominada pelo Rupert Murdoch ou os seus competidores, porventura menos exuberantes e mediáticos?
Como se forma a nossa percepção do que se passa em lugares remotos?
Como é que você admite que no Vietnam sim, mas na Líbia, não? O que é que você acha do nosso chocante alheamento do terror do Ruanda, ou da presente situação na Somália?
Como é que você, que certamente viu as imagens alucinantes dos snipers à volta de Sarajevo (admitindo que não as considera montagens dos serviços de informação americanos), ao cerco de uma cidade inteira e da sua população civil, reagiu ao bombardeamento desse cerco criminoso pela aviação da Nato?
Como é que você reagiu perante as imagens de Timor Leste e à ameaça feita por um Presidente americano -seguida de intervenção militar por um proxy americano na região - a um país integrante do movimento dos não alinhados do terceiro mundo?
Acha que a questão de fundo da Guerra Civil de Espanha foi a questão legalista do "governo legitimamente eleito"? Não será antes porque os países ocidentais demonstraram nesse caso a cobardia e mesmo complacência que encorajou o fascismo a envolver-se noutras aventuras?
Quanto às suas questões:
1. Questão que faz sentido no caso do Iraque e do Afeganistão mas desenquadrada aqui.
Aqui trata-se de apoiar consequentemente, isto é, por meios militares, o apelo feito à comunidade internacional, incluindo a ONU e a OUA, pelos rebeldes líbios que decidiram resistir pelas armas ao envio do exército líbio para pacificar uma onda de protestos.
Claro que agora convém dizer que a "ONU está ao serviço dos americanos". No caso do Iraque, quando a ONU fez frente a uma administração americana composta por falcões, ninguém reparou nessa evidência.
Para além disso, devo confessar-lhe que se eu pudesse, teriam havido intervenções internacionais mais firmes - admitindo capacidade para tal - em diversos locais, tais como no Ruanda (concordamos que foi um genocídio, não?), e neste exacto momento, em toda a região dos Grandes Lagos, no Sudão, na Somália...
2. Concordo. Quando você faz uma revolta deve fazer isso. Mas.. é possível? É possível prever até que ponto o adversário vai resistir? O facto de ser previsível que ele reaja é razão para a inacção?
Quem fez a revolução de Outubro mediu as consequências? E a Revolução chinesa?
E os 50.000 mortos? Quem os inventariou? São militares? Rebeldes? População civil? Se é generalizada a noção de que a situação é confusa no terreno, que os serviços hospitalares estão em estado mais ou menos caótico, quem é que fornece estes números? Os media? Mas então e a falta de credibilidade dos media?
Outras entidades? Os serviços do Kadhaffi? ONG?
As minhas perguntas são feitas em perfeita inocência, creia. Fascinam-me sempre estas estatísticas baseadas em estimativas feitas em situações extremamente fluidas mas chutadas para o ar com a maior das auto-confianças.
Parece que a imprensa vendeu, e a opinião pública comprou, esta dos 50.000 mortos. Podem ser 500.000, podem ser 5.000, mas o pessoal arrematou, mais rapidamente do que se consegue fazer a estatísticas dos mortos anuais nas estradas portuguesas. Talvez daqui a um ano ou dois, se a situação estabilizar, tenhamos números credíveis.
3. Bom. Eu poderia responder-lhe apenas de forma casuística, isto é: surpreende que você coloque essa questão num comentário em que uma das ideias fortes é a sua defesa da não ingerência nos assuntos internos de outros países.
Mas na realidade, a minha opinião é que não, pelas razões que tenho exposto em vários posts no meu blog e tenho visto defendidas em artigos que, subjectivamente, penso retratarem a situação dum ponto de vista que para mim faz sentido.
Não posso, porém, deixar de assinalar que essa preocupação é alimento da criticada cumplicidade dos nossos dirigentes corruptos com os ditadores úteis.
4. A sua questão sugere que no seu entender, apesar do distanciamento em relação aos assuntos internos dos vários países, poderá haver outros países cuja situação interna torna elegíveis como alvos militares e que só estão a salvo (quiçá injustamente) por ausência do ouro negro (que me diz da Síria?).
É claro que os Estados Unidos, e não só, pretendem pilhar petróleo e o petróleo não está alheio do apoio (que não é só americano, atenção) aos rebeldes líbios. Mas esperar-se-ia que os americanos e outros ocidentais apoiassem a revolta gratuitamente? É uma outra questão.
Lenine não obrigou, vencendo a relutância dos seus próprios homens, incluindo o Trotsky, à aceitação total e incondicional das exigências territoriais alemãs em Brest Litovsk, para liquidar, a qualquer preço, aquela frente de combate e poder salvar a revolução?

Quanto à sua última observação, recordo que o post do Vias de Facto aparece no contexto de uma discussão que tem decorrido ao longo dos últimos meses e que eu não tenho seguido a par e passo, pelo que não sei a que exemplos concretos ele se refere.
Numa perspectiva puramente pessoal, se tiver oportunidade para ler os posts e os comentários do 5Dias, estou certo que não ficará desapontado.
Isto é, se não ficar também baralhado.
Porque nesse blog há de tudo, entre autores e comentadores mais ou menos residentes. Já se fez a apologia da "resistência islâmica" ( e julgo perceber que não é a que se exprime em jogos florais) aos imperialistas americanos, e agora faz-se a defesa do Kadhaffi como último bastião contra os desígnios sinistros de uma torpe coligação (Americanos, sionistas, rebeldes, Al Jazeera, CNN) ao serviço da... AlQaeda.

 

Comentários 1

O link que fiz para um texto de João Bernardo no Vias de Facto suscitou alguns comentários no meu Facebook.
Na minha opinião estes comentários seriam mais apropriados no próprio Vias de Facto, onde o autor do texto pode ser directamente confrontado.
Mas uma vez que linkei o texto, e os comentários são feitos à minha linkagem, eis, em dois posts, o meu comentário aos comentários:

Alberto Castro Nunes
Ruizinho, este texto não passa de um sofisma, continuo a perguntar: então porque não apoiar tb a invasão do Iraque? o Saddam era melhor que o Kadhaffi? comparar o Kadhafi ao Hitler só para rir do ridículo da comparação e do comparador


Não percebo onde está o "sofisma". O que o texto refere é a crítica frequentemente feita às potencias ocidentais por fecharem os olhos e lavarem as mãos permitindo o esmagamento de revoltas contra regimes ditatoriais. Como foi o caso da Guerra Civil de Espanha, como é o caso hoje, na Síria.
As potências ocidentais não interviram aí, ok, cinismo, não lhes interessa ou não lhes interessou.
O que o João Bernardo diz é que as potencias têm sempre "interesses", e tudo o que se passa é lido por elas à luz desses interesses, mas não é isso que vai determinar a aceitação dos naturais de cada país pelas situações de opressão de que se sentem vítimas, e a eventual aceitação - ou recusa - de auxílio.
Quando pensamos no 25 de Abril, vale apena retomar, ou considerar como determinante, o tema do papel das superpotências no desmembramento do antigo império português, para julgar o carácter libertador da revolução? Vale a pena refectir sobre quem foram os "patriotas" que alertados para essa momentosa questão geoestratégica mantiveram uma guerra nas colónias e ainda hoje classificam a descolonização como "traição"?
Não intervieram as diversas potências por diversos meios (incluindo os militares se considerarmos o apoio que foi prestado aos movimentos de libertação) para destruir o império com o objectivo de o partilhar?
As diferenças entre o Iraque e a Líbia são evidentes.
No Iraque tratou-se de uma agressão pura e simples, devidamente montada e planeada, com total desprezo pelos órgãos de concertação internacionais e cujos limites orçamentais, quase ilimitados, foram apenas definidos pela irresponsabilidade técnica de alguns dos seus principais promotores.
Na Líbia tratou-se de uma intervenção tímida, uma resposta atabalhoada de um presidente em perda, acossado em termos políticos e orçamentais, a pressões internacionais no sentido de ajudar uma revolta em risco de esmagamento, no intuito de procurar manter algum contacto com a realidade de um Médio Oriente em mutação acelerada e cujo sentido lhe escapa entre os dedos.
Quanto à história da comparação entre o Kadhaffi e o Hitler, se é isso que te choca, enfim, ainda há muito pouco tempo se comparou o Bush ao Hitler e ninguém (tirando alguns neocons da praça) se escandalizou com o ridículo.

sábado, setembro 10, 2011 

Debate sobre a débacle

Corinne Lepage quer lançar o debate sobre o nuclear em França.
Tal como em Portugal, também em França, um paraíso do nuclear, mas onde nem por isso os custos energéticos fazem uma diferença significativa quando comparados com os restantes países europeus e onde não existe independência energética, há quem queira debater o tema.
E, ironia das ironias, também por razões económicas.
77%!
Mal agradecidos... Parece que ainda não perceberam as vantagens de serem um dos países mais nuclearizados do planeta.

 

Nobel


Chadwick a Tam Dalyell sobre Alan Nunn May , um cientista inglês que passou segredos nucleares à União Soviética na Segunda Guerra Mundial:
"I knew Alan extremely well. I do not support what he did. But he did it for good motives. And because of what he did, if may be that your generation will be spared an atomic war. None of us can know."
Referido no artigo de Eric Hobsbawm na LRB sobre o livro "Scientis spies: a Memoir of my three parents and the atomic bomb", Paul Broda, Troubador.

 

O fascismo e Kadhaffi - um texto do Vias de Facto

Sobre a questão líbia, e encontrando-me deficitário de legitimidades revolucionarescas e galões combatentes, aconselho os apressados, a lerem quem sabe.

 

Género

"Não poderemos pensar que a diferença sexual não é somente um facto biológico, mas o Real de um antagonismo que define a humanidade de tal modo que, se a diferença sexual for abolida, o ser humano se torna efectivamente impossível de distinguir da máquina?"
Slavoj Zizek, Viver no Fim dos Tempos, Relógio D'Água, pág. 83
Tradução de Miguel Serras Pereira
nota: o trabalho de tradutor de Miguel Serras Pereira é o de uma espécie de "Pequeno Polegar" que vai indicando um percurso intelectual de referência feito de pequenas grandes pedras que ganham relevância por serem por ele trabalhadas. Um caso raro (ocorre-me pensar, noutro registo, em Aníbal Fernandes) em que o nome do tradutor precede e cauciona a obra traduzida.